sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Desafio

Então fechei os olhos e pulei. Não era um barranco tão alto assim, e lá em baixo a terra era fofa, certamente amorteceria minha queda, mas aquele pequeno obstáculo ia me ajudar a controlar meu medo.
Fiz isso todos os dias por um mês, no caminho da escola pra casa. Todo dia era um novo arranhão, ou um rasgo na camiseta... não importavam os danos, importava era como eu ia encarar isso.
Ao fim daquele mês eu já não temia o penhasco, precisava procurar outro desafio.
Mais a frente encontrei um pequeno riacho, então todo dia eu deixava as coisas da escola em casa e voltava pro riacho. Me atirava nele, primeiro apenas tentando sobreviver e, depois de algum tempo, me lançando contra a correnteza. Demorou pouco mais de um mês e eu aprendi a não temer mais o riacho.

Fui sempre buscando obstáculos maiores pro meu medo, sempre vencendo-o de forma heróica e silenciosa, não contava meus triunfos a ninguém, sempre foram vitórias pessoais.
Então, finalmente, encontrei um adversário difícil de ser combatido, não era grande, nem assustador e muito menos impossível de ser vencido.
O adversário era o relacionamento, e foi nesse momento da minha vida que eu descobri que traçava metas pessoais para não ter que me relacionar com os outros.
O silêncio sempre respondia muito bem as minhas questões, mas agora não adiantava mais.
A desconfiança não fazia parte da minha vida, porque eu me conhecia muito bem pra desconfiar de qualquer coisa.
O amor sempre era sempre algo íntimo e abstrato.
Eu precisava transpor aquela barreira e não sabia como, eu que sempre dominei o medo, pela primeira vez deixei ele me dominar e me pôr de castigo em uma grande e confortável cadeira chamada Comodismo.
E pra sair daqui, como faço? Eu sei que a resposta não esta muito longe de mim, e que pra alcança-la talvez eu só precise me levantar...

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