segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Entre as linhas.

- Eu sonhei com você essa noite.
- E como foi?
- Não lembro direito.
- Aposto que foi louco, todos os seus sonhos são.
- E eu aposto que você é um chato, nunca vi julgar os sonhos dos outros.
- Boba!
- Tá bom...
(silencio)
- Tá curioso?
- Pelo quê?
- , o sonho!
- Ah, o sonho... não, eu só queria saber mesmo.
- Você nunca fica curioso?
- Talvez
- Talvez o quê?
- Nada, você pergunta sobre tudo!!!
- Simples, é que ao contrário de você eu fico muito curiosa.
- Você vive assim.
- É só que eu não sei mexer com as entrelinhas e todas essas coisas, então uso das perguntas.
- É porque com elas não se mexe, tente ler da próxima - ele ri, ela não.
- E você me entendeu, vive pra me irritar.
- Talvez.
- E continua.
- O quê, irritando? Eu juro que parei.
- Não, não é isso.
- Então ...
- É só que você continua a usar as entrelinhas mesmo sabendo que eu não as vejo.
- Talvez! - e agora os dois riem.
- Faz piada de tudo, tá vendo? Te conheço melhor a cada segundo.
- Tá, mas pra nos conhecermos mesmo levaria a eternidade... tem muita coisa escondida... dos dois lados.
- É e você nem imagina. - ela sussurra como se ninguém a pudesse ouvir.
- Ahn?
Ela fica vermelha.
- Você é insano.
- Não foi isso!
- Talvez. - agora ela ri.
- Tá bom, engraçadinha! - ele fecha a cara na tentativa de suborná-la.
- De nada, também te amo!
- Como? - A frase quase provocou eco, ela enrubesceu e ele imediatamente iluminou seus olhos.
(silêncio)
- Ok então, hora de aproveitar a trégua e ir antes que você recomece a temporada de piadinhas que me irritam.
- Como quiser, pode voltar sempre que o estoque é grande.

Ambos sorriem, e se despedem de longe.
Diferentes direções
Diferentes lares
Diferentes visões
Mas dentro do peito a mesma vontade de gritar.

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